×
Dicas de Finanças Forbes

“Abrir um Novo Mercado no Agro É uma das Tarefas Mais Difíceis Que Existe”, Diz Carlos Cogo

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

“Abrir um novo mercado é uma das tarefas mais difíceis que existe. Qualquer mercado novo importa, mas perder um grande mercado é sempre uma perda dolorosa.” Foi com essa advertência que Carlos Cogo, fundador da Cogo Inteligência em Agronegócio e um dos consultores mais requisitados do país, abriu sua conversa com uma plateia lotada no WTC, em São Paulo, no final da tarde desta terça-feira (2), quase no encerramento da 12ª edição do Congresso Brasileiro de Fertilizantes. Cogo lembrou que os Estados Unidos representam 7% das exportações do agro brasileiro e que perder acesso a esse mercado não se resolve com redirecionamento rápido de volumes.

“É muito mais difícil compensar a perda de um mercado estruturado do que abrir destinos menores. O impacto não pode ser minimizado e precisa ser enfrentado com negociação firme e canais diplomáticos abertos.”

Mas ele rejeita o termo crise, como tem sido colocado frequentemente por agentes do setor. “Não podemos chamar de crise o que estamos vivendo. É um problema a ser enfrentado, mas o setor tem condições de superar”, afirmou. Ele lembra que durante a pandemia o Brasil ampliou exportações de US$ 100 bilhões para mais de US$ 150 bilhões, conquistando mercados em carnes, madeira, celulose, açúcar e soja. “O setor está preparado para enfrentar ‘crises’ e transformar riscos em oportunidades.”

Para ele as tensões comerciais se somam a uma conjuntura de grande transformação do agronegócio brasileiro e é preciso olhar este cenário. Cogo fez um retrato das cadeias de produção nos dias atuais. Em 1990, o país exportava cerca de US$ 20 bilhões em produtos agropecuários; em 2024, esse número chegou a US$ 166 bilhões, com participação crescente em praticamente todas as cadeias globais.

A soja é o exemplo mais emblemático: eram 20 milhões de toneladas exportadas em 2000, contra mais de 100 milhões em 2024, o que fez a fatia brasileira saltar de 30% para 56% do comércio mundial. “O ciclo de baixa está se encerrando e a tendência é de estabilidade de preços até 2027. O Brasil é o único país que ainda amplia área plantada, enquanto Estados Unidos e Argentina reduzem ou mantêm estável”, afirmou Cogo. A área de soja passou de 13 milhões de hectares em 1990 para mais de 45 milhões em 2024, com produtividade que avançou de 2 para 3,5 toneladas por hectare.

No milho, o país trilhou uma trajetória semelhante, mas com um diferencial: a consolidação da segunda safra. No início dos anos 2000, o Brasil exportava volumes residuais; em 2024, superou 55 milhões de toneladas, disputando posição com os Estados Unidos. A área total cresceu menos que a da soja, mas a combinação de duas safras no mesmo ano tornou a produção brasileira mais competitiva. “O custo do milho de segunda safra no Brasil é imbatível. Não há como os produtores americanos concorrerem com isso”, disse Cogo. A produtividade média saltou de 3,5 para 6 toneladas por hectare em 30 anos, sustentada pelo uso de fertilizantes e práticas de manejo adaptadas ao Cerrado.

No algodão, a curva é ainda mais expressiva: em duas décadas, o Brasil saiu de 3% para 33% do mercado global, ultrapassando a Índia e se consolidando como o segundo maior exportador mundial. A área plantada avançou de 600 mil para 1,7 milhão de hectares, mas a produtividade mais que dobrou, o que permitiu ganhos em escala sem pressão equivalente sobre novas terras. “Esse crescimento gera incômodo nos Estados Unidos, mas é resultado do custo menor da segunda safra. O algodão brasileiro, plantado após a soja, não tem concorrência direta”, disse ele.

V.Ondei

Congresso sobre fertilizantes, nesta terça-feira, em São Paulo

Para o açúcar, essa commodity mantém o Brasil como líder incontestável, com cerca de 50% das exportações mundiais, mas o ciclo de alta deu lugar a margens mais estreitas. Os preços futuros na Bolsa de Nova York se aproximam do custo médio das usinas brasileiras, estimado em 17 centavos de dólar por libra-peso. Mas Cogo alertou para a necessidade de reposicionamento estratégico: “A bioenergia é a chave. O Brasil pode atrair R$ 1 trilhão em investimentos até 2035 com o avanço do diesel verde, do SAF e do biodiesel. Seremos exportadores de energia limpa, porque outros países não têm área sequer para produzir seus alimentos.”

No café, a mudança é estrutural. A China, que não figurava entre os dez maiores consumidores no ano 2000, triplicou a demanda em três anos e já supera os Estados Unidos em número de cafeterias. “Tudo o que a China passa a consumir se torna mais caro no mundo. No café, eles entraram direto no expresso, sem passar pelo solúvel. Esse movimento pressiona estoques globais e altera a dinâmica de preços”, afirmou. A produção brasileira também evoluiu, com a incorporação de irrigação e variedades mais resistentes, mas ainda enfrenta oscilações climáticas que limitam a oferta.

As transformações que sustentam o crescimento

Essas transformações foram sustentadas por um crescimento combinado de área e produtividade. Entre 1990 e 2025, a área plantada com grãos no Brasil aumentou 92%, enquanto a produção cresceu 517%. Esse salto só foi possível porque a produtividade avançou a uma taxa média de 2,9% ao ano.

O Brasil ampliou em 2% ao ano a área plantada, mas colheu 3% a mais em produtividade. É essa diferença que explica a expansão contínua sem necessidade de ocupar grandes extensões de novas terras. “Somos o maior exportador de grãos do mundo usando apenas 6% do território nacional, enquanto os Estados Unidos utilizam 17% e a Índia mais de 50%”, afirmou Cogo.

Neste cenário, o uso de fertilizantes acompanhou essa evolução. De 9 milhões de toneladas em 1990, o Brasil passou para mais de 45 milhões em 2025, tornando-se o quarto maior consumidor mundial. O Cerrado, que nos anos 1970 era considerado solo pobre, hoje responde por quase 70% da produção de grãos, graças à correção química e ao manejo integrado. Cogo chamou atenção, no entanto, para a dependência de importações, sobretudo da Rússia. “Cerca de 30% dos fertilizantes que utilizamos vêm da Rússia. Diversificar fornecedores é possível, mas o custo logístico é elevado. No curto prazo, não temos como substituir esse mercado. É preciso negociar.”

Entre os desafios para a conquista de novos mercados, e não somente para o consultor, os gargalos internos também pesam e precisam de urgência. A demanda não é nova, mas se acelerou. A capacidade de armazenagem cresce a 2,6% ao ano, enquanto a produção de grãos avança a 5%. Apenas 17% da estocagem brasileira está nas fazendas, contra 65% nos Estados Unidos. Isso pressiona os prêmios nos portos e reduz a renda dos produtores. “Essa diferença afeta diretamente os preços recebidos pelo agricultor. É um problema estrutural”, disse. Na logística, o avanço do Arco Norte reduziu custos e elevou exportações pela região de 10 para quase 50 milhões de toneladas em uma década, mas ainda é insuficiente frente ao crescimento da safra.

 

O post “Abrir um Novo Mercado no Agro É uma das Tarefas Mais Difíceis Que Existe”, Diz Carlos Cogo apareceu primeiro em Forbes Brasil.

Fonte

#Abrir #Novo #Mercado #Agro #uma #das #Tarefas #Mais #Difíceis #Existe #Diz #Carlos #Cogo

Observação da postagem

Nosso site faz a postagem de parte do artigo original retirado do feed de notícias do site forbe Brasil

O feed de notícias da Forbes Brasil apresenta as últimas atualizações sobre finanças, investimentos e tendências econômicas. Com análises detalhadas e insights de especialistas, a plataforma aborda tópicos relevantes como mercado de ações, criptomoedas, e inovação em negócios. Além disso, destaca histórias de empreendedores e empresas que estão moldando o futuro da economia. A Forbes também oferece dicas sobre gestão financeira e estratégias para aumentar a riqueza pessoal. Com um enfoque em informações precisas e relevantes, o site se torna uma fonte confiável para quem busca se manter atualizado no mundo financeiro.

Palavras chaves

“Abrir um Novo Mercado no Agro É uma das Tarefas Mais Difíceis Que Existe”, Diz Carlos Cogo


Notícias de finanças

Mercado financeiro hoje
Análise de mercado de ações
Investimentos em 2024
Previsão econômica 2024
Tendências do mercado de ações
Notícias sobre economia global
Como investir na bolsa de valores
Últimas notícias financeiras
Mercado de ações ao vivo
Notícias de economia mundial
Análise de investimentos
Dicas para investir em ações
Previsão de crescimento econômico
Como começar a investir
Análises financeiras atualizadas
Mercado de criptomoedas hoje
Previsão de recessão econômica
Finanças pessoais e investimentos
Notícias sobre bancos e finanças

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *